Mulheres e a Segurança Rodoviária: dados de estudo espanhol mostram que as mulheres conduzem melhor
“Tinha que ser Mulher” ou “Mulher ao volante, perigo constante” são alguns dos comentários depreciativos que condutoras um pouco por toda a Europa ainda hoje recebem. Mas serão verdade?
Afinal, as mulheres conduzem mesmo pior que os homens?
Atualmente em Espanha, de acordo com dados da Direção Geral de Trânsito (DGT), existem 15,54 milhões de condutores (57%) e 11,68 milhões de condutoras (43%).
Estes dados estão mais próximos a cada ano que passa, no entanto, os homens cometem cinco vezes mais infrações rodoviárias por consumo de álcool e drogas do que as mulheres, além de sofrerem duas vezes mais acidentes fatais.
“ Devemos começar a conduzir como as mulheres, conduzem de forma mais segura que os homens e são mais cautelosas, além de estarem dispostas a melhorar os seus hábitos de condução”.
Citando o estudo “mulheres condutoras em Espanha e o seu envolvimento em acidentes rodoviários e a comparação com condutores do sexo masculino (2017) realizado em colaboração com a Fundação Eduardo Barreiros e a Escola Técnica Superior de Engenharia Industrial da Universidade Politécnica de Madrid, demonstra pelos dados que sim, as mulheres conduzem melhor que os homens.
O relatório revela que os homens cometem um maior número de infrações rodoviárias quando vários veículos se envolvem num acidente. Outra conclusão foi que o número de mortes quando o condutor envolvido é homem é duas vezes maior.
Os homens cometem mais infrações relacionadas ao excesso de velocidade, quase o dobro das mulheres nas faixas etárias mais jovens. Além disso, em geral, são também os que mais cometem infrações administrativas, embora sejam as mulheres que costumam estar mais desatualizadas no que às inspeções técnicas dos veículos diz respeito.
O estudo aponta também que são os homens que sofrem a cassação da carta de condução, seja pela perda total dos pontos, seja por via penal ao sofrerem condenações.
Nesta linha, segundo o Instituto Nacional de Estatística Espanhol (INE), 989 homens foram condenados por crimes rodoviários em 2021, contra apenas 52 mulheres.
Citando o estudo #Ellasconducen (2022) da Midas, 60,30% das mulheres ao volante não receberam nenhum tipo de sanção. Enquanto, 69,75% dos homens reconhece que são multados, principalmente por excesso de velocidade.
Os preconceitos com as mulheres ao volante
Embora os dados suportem que as mulheres conduzem melhor, já que cometem menos infrações, 50,66% das condutoras receberam comentários sexistas ao volante, de acordo com o estudo #Ellasconducen.
Segundo o referido relatório do estudo, 18,7% dos homens consideram que as mulheres conduzem pior do que os homens, algo que 7,5% das mulheres também interiorizaram como sendo verdade.
De salientar que quatro em cada dez continuam a ter atenção ao género do condutor no caso de presenciarem uma manobra mal conseguida ou algum incidente durante a condução.
E em Portugal?
Quando olhamos para a realidade portuguesa verificamos que o número de condutores vítimas mortais por milhão de condutores com carta é 7.5 vezes mais alto nos homens (89.2) do que nas mulheres (11.9). Estes dados mostram que os condutores têm maior risco de morrer na sequência de acidentes do que as condutoras – os homens tendem a ter acidentes mais graves do que as mulheres. (Dados ANSR/IMT 2016-2019)
O risco mais elevado de morte/acidentes com mais gravidade dos homens verifica-se em todos os tipo de utentes/veículos – os dados da sinistralidade rodoviária em Portugal entre 2010 e 2019 (ANSR) mostram este facto – a percentagem de homens nas vítimas mortais de acidentes é mais alta do que a percentagem de homens nos feridos leves em todos os tipos de utentes/veículos.
Os dados do ESRA2 de Portugal, em 2018, mostram que os homens declararam ter tido comportamentos de risco no trânsito com mais frequência do que as mulheres. Esta tendência foi observada em todos os utentes da estrada (condutores de automóvel, motociclistas/ciclomotoristas, ciclistas e peões) em todos os comportamentos avaliados: condução sob o efeito de álcool, condução em excesso de velocidade, utilização do telemóvel durante a condução e não utilização de sistemas de retenção/segurança.
Comparativamente com as mulheres, os homens consideram mais aceitáveis os comportamentos de risco no trânsito e atribuem menor risco a estes comportamentos.