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Condições Atmosféricas Adversas

A principal característica da condução sob condições adversas é a falta de visibilidade e a menor aderência. Os condutores perante estas situações têm que adaptar a sua condução a estas características, recomendando-se a adoção de velocidades reduzidas. Há ainda outros comportamentos a adotar pelo condutor em função das condições atmosféricas, como exemplo, quanto menor for o coeficiente de aderência, menos se deve correr riscos de praticar manobras que impliquem movimentos, acelerações e travagens bruscas.

Condução com chuva

A chuva, independentemente da sua intensidade, dificulta a condução pois reduz a aderência e a visibilidade. Se a chuva for intensa pode criar lençóis de água no pavimento e dar lugar a situações de hidroplanagem.

Perante isto o condutor deve:

  • Reduzir a sua velocidade;
  • Aumentar a distância de segurança;
  • Aumentar a distância entre veículos para evitar a perda de visibilidade provocada pela projeção do “SPRAY” dos veículos que circulam à frente (particular atenção se for um veículo pesado);
  • Após efetuar uma ultrapassagem, retomar a via da direita suavemente;
  • Acender as luzes de cruzamento (médios);
  • Fazer uma correta utilização dos limpa-para-brisas e do sistema de ventilação no interior do veículo (para evitar que os vidros se embaciem).

A condução em piso molhado deve ser feita tendo em conta que a aderência é mais baixa que em piso seco e consequentemente a distância de travagem aumenta (espaço necessário para imobilizar o veículo).

A diminuição ou perda de aderência depende essencialmente de três fatores:

  • Quantidade de água existente sobre o piso;
  • Velocidade de circulação do veículo;
  • Desgaste dos pneus (redução ou ausência dos sulcos)

A distância de visibilidade é aquela em que o condutor consegue avistar a faixa de rodagem em toda a sua largura. Dela depende a velocidade a que se pode conduzir com segurança, pois nunca se pode conduzir a velocidade cuja distância de paragem (distância de reação + distância de travagem) seja superior à distância de visibilidade.

Quando o piso está escorregadio (ex. chuva, gelo, etc.) a distância de travagem aumenta, pelo que a velocidade deve ser mais baixa do que com piso seco.

Em situações de chuva, se os pneus não tiverem os sulcos com a profundidade recomendada (para veículos ligeiros 1.6 mm, pesados e motociclos 1 mm), não conseguem escoar adequadamente a água que vão encontrando na estrada e esta vai-se acumulando à sua frente e por baixo, formando uma cunha que impede o contacto do pneu com o pavimento. Nesta situação, o veículo deixa de ter aderência à estrada. Com o aumento da velocidade, a água acumula-se mais rapidamente sob os pneus, sendo mais rápida a perda de aderência. Para evitar esta situação, há que circular a velocidade reduzida e manter os pneus em bom estado.

A aquaplanagem ou hidroplanagem, também conhecida como lençol de água ou aquaplaning, acontece quando a água acumula à frente dos pneus mais rapidamente do que o peso do seu veículo é capaz de a deslocar.

Conselhos PRP:

  • Se a pressão do pneu for diferente da pressão recomendada, existe um aumento do risco de aquaplaning. Verifique com regularidade a pressão e o estado dos seus pneus.
  • Verifique o desgaste e a profundidade dos sulcos do seu pneu. Quanto maior for a profundidade dos sulcos dos pneus, maior a aderência e menor o risco de aquaplanagem;
  • Adapte a sua condução e reduza a velocidade.

Condução com nevoeiro

A principal consequência do nevoeiro é a perda de visibilidade. Em função da intensidade do nevoeiro, a visibilidade fica significativamente reduzida. A humidade pode provocar perda de aderência (tal como a chuva).

  • Adapte a velocidade à visibilidade e à densidade do nevoeiro;
  • Circule pela direita;
  • Utilize as luzes de nevoeiro, é muito importante ver e ser visto;
  • Reduza a velocidade de forma a imobilizar o veículo no espaço visível disponível e aumente a distância de segurança;
  • A condução com condições de visibilidade reduzida requer da parte do condutor um esforço visual maior e provoca maior fadiga, pelo que é conveniente fazer paragens ainda mais frequentes.

Para além de regular a velocidade em função da distância de visibilidade, o condutor deve circular com as luzes de cruzamento acesas. Sob condições de visibilidade reduzida, como em situações de nevoeiro, é fundamental (e obrigatório) circular também com as luzes de nevoeiro acesas.

Condução com vento

O vento é outro elemento que afeta a condução e que em função da sua intensidade afetará de forma significativa a estabilidade do veículo. Esta estabilidade é tanto mais afetada quanto maior for a velocidade, tamanho e peso do veículo. Assim, para evitar os efeitos do vento o condutor deverá reduzir a velocidade, ter maior firmeza na direção e ter especial cuidado nas ultrapassagens, deixando mais espaço lateral nomeadamente com os veículos de duas rodas, já que estes estão mais sujeitos à ação do vento lateral devido às suas dimensões mais reduzidas e à menor estabilidade que possuem.

O condutor deverá ainda prestar atenção à transição de zonas abrigadas para descampadas onde a ação do vento poderá provocar alterações bruscas de trajetória.

Condução com neve

As dificuldades na condução impostas pela neve são muito idênticas às provocadas pela chuva (perda de aderência, redução da visibilidade, aumento da distância de travagem etc.).

É muito importante ponderar se deve ou não circular nessas condições, se optar por circular deve avaliar a necessidade da utilização de correntes de neve.

No caso do veículo ser de tração, deverá colocar as correntes nas rodas dianteiras, assim irá manter a tração e direção.

No caso do veículo ser de propulsão o ideal é colocar correntes nas 4 rodas, assim terá tração e direção.

  • Circular num pavimento totalmente coberto de neve sem correntes é demasiado perigoso. Mesmo quando utilizar correntes o condutor deve:
    Reduzir a velocidade;
  • Adequar a velocidade às condições de visibilidade;
  • Aumentar a distância de segurança;
  • Atuar de forma suave nos comandos do veículo (acelerador, travão, volante etc.);
  • Acender as luzes de cruzamento (médios);
  • Fazer uma correta utilização dos limpa-para-brisas e do sistema de ventilação no interior do veículo (para evitar que os vidros se embaciem);
  •  Evitar ultrapassagens;
  • Não estacionar na faixa de rodagem;
  • Reforçar a atenção e previsão de eventuais situações de risco.

Condução com gelo

O gelo na estrada é, de todas as situações adversas, a mais perigosa e complicada para o condutor, isto porque:

  • Provoca a perda de aderência total, tornando-se muito difícil, e por vezes impossível, controlar o veículo;
  • Não é facilmente percetível, pelo que o condutor deve redobrar a atenção sobretudo nos locais mais favoráveis à sua formação.

Nestes casos o condutor deve:

  • Equipar o veículo com pneumáticos apropriados (correntes ou pregos);
  • Reduzir a velocidade;
  • Aumentar a distância de segurança;
  • Atuar de forma suave nos comandos do veículo (acelerador, travão, volante etc.);
  • Evitar ultrapassagens;
  • Reforçar a atenção e previsão de eventuais situações de risco.

Condução com sol

Quando conduzimos de frente para o sol, este pode provocar encandeamento. O uso do para-sol e de óculos de sol é assim recomendado, já que devido à luz intensa a visibilidade pode também ser reduzida. Isto levará a que o condutor tenha maior dificuldade em se aperceber das luzes de mudança de direção, travagem, semáforos e até dos outros veículos e peões.

Condições Atmosféricas Adversas e a Sinistralidade em Portugal

Em Portugal, os acidentes ocorridos em situações atmosféricas extremas são os que têm consequências mais graves.

A PRP realizou um questionário online nas redes sociais onde aferiu a opinião dos seguidores com a seguinte questão: “Considera que os índices de gravidade de acidentes rodoviários variam de acordo com as condições atmosféricas e de luminosidade no momento do acidente?”

Ao contrário da opinião dos participantes no questionário, os acidentes que ocorrem com bom tempo são normalmente mais graves do que com chuva.

Entre 2010 e 2015, os acidentes rodoviários que ocorreram nos períodos de aurora/crepúsculo e à noite apresentaram índices de gravidade mais elevados. O menor fluxo de trânsito propício a velocidades mais elevadas e a menor visibilidade podem ser fatores que contribuem para estes números.