Segurança nos Duas Rodas em Portugal: Tendências e Medidas Necessárias
O relatório “Facts and Figures – Motorcyclists and moped riders – 2023” do Observatório Europeu de Segurança Rodoviária revela dados preocupantes sobre a sinistralidade de utilizadores de veículos motorizados de duas rodas em Portugal e na União Europeia.
Em 2020, 16% das mortes em acidentes rodoviários na UE envolveram motociclistas, e 3% ciclomotoristas, destacando a vulnerabilidade deste grupo. O número de fatalidades de motociclistas aumentou nos últimos anos, com Portugal a apresentar taxas superiores à média da UE tanto para motociclistas como ciclomotoristas.
Tendências Principais
1. Elevada Mortalidade entre Duas Rodas a Motor
Em Portugal, os utilizadores de veículos de duas rodas a motor representam uma parte significativa das mortes rodoviárias. O relatório mostra que o nosso país se encontra entre os países da UE com as maiores taxas de mortalidade de motociclistas e ciclomotoristas, refletindo a popularidade destes veículos e a necessidade de melhorias urgentes na sua segurança.
- Motociclistas: 16% das vítimas mortais na UE em 2020 foram de motociclistas, com a proporção a aumentar na última década. Os países do sul da Europa em geral, incluindo Grécia, Itália e Espanha, tendem a ter taxas de mortalidade mais elevadas de vítimas mortais nos motociclistas.
- Ciclomotoristas: O número de mortes de ciclomotoristas diminuiu, mas ainda representam 3% das fatalidades rodoviárias.
2. Grupos Etários e Género
Dados europeus demonstram que mais de 90% das vítimas fatais em acidentes com estes veículos são homens, com a faixa etária mais afetada a ser entre os 25 e 64 anos. Nos ciclomotores, existe uma concentração de acidentes fatais entre os jovens de 15 a 19 anos, enquanto as mortes de motociclistas atingem o pico na casa dos 20 anos. De destacar que tem havido um aumento preocupante no número de vítimas acima dos 65 anos.
3. Acidentes em Estradas Rurais
Mais de 50% das fatalidades de motociclistas e ciclomotoristas ocorrem em estradas rurais, onde a infraestrutura é frequentemente menos segura. Esta tendência reforça a necessidade de medidas que melhorem as condições de condução, como barreiras de proteção e separação física de vias.
Fatores Contribuintes
Vários elementos contribuem para este cenário:
- Popularidade dos veículos de duas rodas: O clima ameno e a geografia de Portugal favorecem o uso destes veículos.
- Infraestrutura rodoviária: Algumas estradas podem não estar adequadamente preparadas para a circulação segura destes veículos.
- Comportamento dos condutores: Excesso de velocidade e manobras arriscadas são fatores de risco comuns.
- Visibilidade: Muitos acidentes ocorrem devido à dificuldade de outros condutores em ver motociclistas e ciclomotoristas.
Medidas Urgentes para Reduzir a Sinistralidade nos Duas Rodas a Motor
1. Melhoria da Infraestrutura
Investimentos em infraestruturas mais seguras, como a construção de barreiras físicas em estradas rurais, melhorias nas condições do piso e a criação de zonas exclusivas para veículos de Duas Rodas a Motor, são essenciais para reduzir o número de acidentes graves.
2. Fiscalização e Educação
Uma maior fiscalização de infrações relacionadas com excesso de velocidade e a condução sob efeito de álcool, bem como campanhas de sensibilização voltadas para utilizadores de veículos de duas rodas a motor e automobilistas, podem contribuir para a redução de acidentes. A educação sobre a importância de equipamentos de proteção também é fundamental.
3. Promoção de Tecnologias de Segurança
Tecnologias como sistemas de travagem avançados (ABS) e equipamentos de proteção com maior visibilidade para os motociclistas podem ajudar a reduzir a gravidade dos acidentes e salvar vidas. A promoção destas tecnologias entre estes utentes deve ser uma prioridade.
Conclusão
Os dados apresentados no relatório mostram a urgência de ações concretas para melhorar a segurança dos utilizadores de veículos de duas rodas a motor, motociclistas e ciclomotoristas em Portugal e na Europa. Com investimentos adequados em infraestrutura, fiscalização e educação, é possível reduzir significativamente sinistralidade e criar um ambiente rodoviário mais seguro para todos os utilizadores.
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