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Condutores
Estudos revelam que os fatores de risco que contribuem para a alta representatividade dos jovens na sinistralidade resultam principalmente da falta de maturidade, de experiência, comprometimento e estilos de vida associados à sua idade e seu género.
Os jovens, em particular, são muitas vezes mais confiantes sobre suas capacidades de condução. Tendem a sobrestimar as suas capacidades e a subestimar os riscos.
Quatro fatores desempenham um papel importante:
- Imaturidade: Condições biológicas e sociais nos jovens não estão ainda suficientemente desenvolvidas;
- Exposição ao risco: A exposição a condições de risco é alta;
- Falta de experiência: As capacidades de condução não estão suficientemente desenvolvidas;
- Condução sob influência: O desempenho da condução é prejudicado por causa do uso de álcool, de drogas ilegais e legais, fadiga, cansaço e distração.
Os jovens apresentam características, quer do domínio físico quer do psíquico, que condicionam o comportamento seguro no trânsito.
A imaturidade, característica dos jovens que estão em fase de desenvolvimento físico, social e psíquico, associada à inexperiência natural que apresentam como condutores, desencadeia a prática de mais falhas por parte dos jovens do que por parte dos condutores mais experientes.
Os jovens apresentam características específicas que condicionam o seu comportamento seguro no trânsito:
- Têm prazer em conduzir com muita velocidade, gostam da sensação de correr riscos, vivem intensamente o momento, têm tendência para testar as suas capacidades e consideram-se invulneráveis;
- Têm uma imagem muito positiva de si, preocupam-se constantemente com a sua imagem, necessitam de auto afirmar-se a cada momento, tendem a impressionar os outros, principalmente os seus pares, revelam prazer em ter comportamentos exibicionistas no trânsito;
- Sobrevalorizam as suas capacidades e competências, julgam que conseguem responder a determinada situação de trânsito de forma eficiente e assim vão adotando comportamentos de risco;
- Subestimam a complexidade das situações de trânsito, avaliando de forma deficiente a quantidade e qualidade de estímulos oriundos do trânsito;
- Revelam inexperiência no desempenho na tarefa da condução;
- Querem ser independentes e assim desvalorizam as referências e orientações familiares;
- O consumo de álcool, mesmo em pequenas quantidades, tem um impacto maior na redução das capacidades dos jovens e consequentemente no envolvimento em acidentes, especialmente nos mais graves;
- O consumo de drogas aliado à ingestão de álcool leva a situações ainda mais graves;
- Distraem-se mais que condutores mais experientes, o que torna ainda mais perigoso falar ao telemóvel durante a condução.
As investigações na área mostram que os comportamentos de risco dos jovens na condução fazem parte de uma variedade de comportamentos de risco que ocorre nesta faixa etária e que aparece ao serviço de funções desenvolvimentais. Exemplos de processos desenvolvimentais que parecem estar associados aos comportamentos de risco incluem a formação da identidade, a integração no grupo de pares e o desejo de alcançar o estatuto de adulto.
Além disso, os jovens percecionam mal o risco para si e para os outros e consideram-se imunes ao acidente.
Daqui se conclui que assistimos nos jovens desta faixa etária a um paradoxo: a fase de desenvolvimento em que estão perto de alcançar o auge das suas faculdades físicas e psíquicas é também uma fase em que precisam de testar a realidade e os seus limites e, fazendo-o ao serviço do seu próprio desenvolvimento e crescimento, criam um equilíbrio periclitante que os fragiliza e os torna vulneráveis ao risco. Ou seja, a fase da vida em que são mais saudáveis, é a fase de maior morbilidade e mortalidade por acidentes rodoviários.
A circulação em ambiente rodoviário requer uma combinação de competências que permitam ao indivíduo avaliar situações complexas no trânsito, decidir e executar respostas apropriadas.
Com o envelhecimento, a deterioração gradual de competências sensoriais, cognitivas e psicomotoras associadas ao aumento da idade comprometem a avaliação do ambiente rodoviário, a tomada de decisão e a execução de respostas adequadas em tempo adequado, tendo como consequência o aumento do risco de acidente, seja como peão ou como condutor. Adicionalmente, a prevalência de doenças neurológicas e psiquiátricas associadas ao envelhecimento, bem como os efeitos derivados da medicação utilizada ao combate destas, alteram o funcionamento cognitivo comprometendo a capacidade de condução.
Eventualmente, todos os idosos vão lentamente, mas certamente, ser confrontados com mudanças nas suas capacidades funcionais e, como resultado, à medida que a idade aumenta tornar-se-á mais difícil manter uma mobilidade segura, uma vez que essas limitações funcionais podem contribuir para um maior risco de acidente.
A tabela seguinte fornece uma visão geral indicativa da relação entre condicionantes relacionadas à idade e dificuldades de condução. Embora esta tabela apresente problemas de condução, pode-se supor que essas diminuições nas competências sensoriais e cognitivas e nas funções psicomotoras também influenciarão o comportamento de peões idosos, ciclistas e utilizadores de transportes públicos.
A consciencialização da perda de capacidades, das funções afetadas e dos efeitos que têm na segurança rodoviária variam de pessoa para pessoa. Em geral, os utilizadores da estrada idosos ajustam a sua participação no tráfego, quer reduzindo a participação quer ajustando o seu comportamento. Apesar deste ajustamento na participação no trânsito, da maior experiência da condução e da menor apetência para o risco, os idosos aparecem sobre-representados na sinistralidade rodoviária, sobretudo nos acidentes com maior gravidade. A fragilidade física associada à idade avançada faz com que os idosos vítimas de acidentes rodoviários sofram consequências mais graves, tornando este grupo particularmente vulnerável em ambiente rodoviário.