Dados mais recentes sobre comportamentos de risco entre jovens condutores, revelados pelo estudo nacional norte-americano “Youth Distracted Driving Survey”, realizado pela Traffic Injury Research Foundation USA (TIRF USA) mostram que mais de um terço dos jovens condutores referiram ter utilizado recentemente um smartphone enquanto conduziam, com cerca de metade destes a referir que enviavam regularmente mensagens de texto enquanto conduziam, apesar da consciência do risco inerente.
Apesar de se tratar de uma amostra nos Estados Unidos, os resultados revelam tendências e atitudes preocupantes que refletem comportamentos semelhantes observados também em Portugal. O uso de smartphones ao volante continua a ser uma das principais causas de distração na estrada — e os mais jovens estão entre os mais afetados.
35% dos jovens admitem usar o telemóvel enquanto conduzem
O inquérito sobre distração, que recolheu respostas de mais de 1.200 jovens entre os 14 e os 20 anos, mostra que 1 em cada 3 jovens utiliza o telemóvel enquanto conduz. As tarefas mais frequentes incluem:
-
Enviar mensagens de texto;
-
Fazer ou atender chamadas;
-
Utilizar o sistema de navegação;
-
Tirar selfies ou ver conteúdos nas redes sociais.
Embora muitos jovens reconheçam os perigos do uso do telefone, continuam a fazê-lo regularmente, confiando — erradamente — nas suas capacidades de “multitasking”.
Falsa confiança e falta de perceção do risco
Cerca de 50% dos jovens condutores acreditam que conseguem conduzir em segurança enquanto utilizam o telemóvel. Esta confiança está frequentemente associada a uma perceção errada de controlo, sobretudo quando usam sistemas “mãos-livres” como bluetooth ou comandos de voz.
O estudo conclui que os condutores jovens subestimam os riscos cognitivos associados a tarefas aparentemente simples, como usar o GPS ou escrever uma mensagem, esquecendo-se que estas distrações afetam o tempo de reação e a perceção do ambiente rodoviário.
Outros comportamentos de risco identificados
Além da distração pela utilização do telemóvel, os jovens inquiridos admitiram praticar outras condutas perigosas, tais como:
-
Excesso de velocidade — 45% conduzem frequentemente acima do limite permitido;
-
Condução com fadiga — 37% conduzem cansados;
-
Ouvir música demasiado alta — comportamento frequente em mais de 40% dos casos;
-
Não usar cinto de segurança — 19% admitem que nem sempre o usam.
Apesar disso, é de salientar que a maioria não conduz sob efeito de álcool ou drogas, o que indica que as campanhas de prevenção sobre estes temas têm tido impacto positivo nos Estados Unidos.
O papel essencial dos pais e educadores
Este relatório sobre distração destaca também a importância do exemplo dos adultos. Metade dos jovens refere que vê os seus pais ou responsáveis distraídos a usar o telemóvel ao volante — e isso influencia diretamente as suas próprias escolhas.
Além disso, os pais são a principal influência nas decisões dos jovens ao volante, superando os amigos ou figuras públicas. Este dado sublinha a importância de trabalhar a educação para a segurança rodoviária desde cedo, também em ambiente familiar.
Prevenir a distração ao volante: uma necessidade prioritária
A PRP alerta que os comportamentos identificados neste estudo são transversais e não exclusivos da realidade americana. Em Portugal, a distração ao volante está entre os principais fatores de sinistralidade rodoviária, sendo urgente reforçar:
-
Campanhas de sensibilização direcionadas não só aos jovens, mas também a pais e familiares;
-
Ações de sensibilização nas escolas;
-
Formação para pais, encarregados de educação e comunidade;
-
Uso de simuladores e atividades práticas para demonstrar os perigos reais da distração.