Fadiga e sonolência são responsáveis por 30% dos acidentes rodoviários

A fadiga e a sonolência ao volante são fatores de risco frequentemente subestimados, mas que desempenham um papel significativo na sinistralidade rodoviária. Segundo um estudo recente da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) em parceria com a VitalAire, cerca de 30% dos acidentes rodoviários estão associados à fadiga.

Dados alarmantes sobre fadiga e sonolência na condução

O estudo “Fadiga, Sonolência e Distúrbios do Sono – Que impacto na Segurança Rodoviária?”, realizado em dezembro de 2024 com 1002 condutores portugueses, revelou uma realidade preocupante:

  • 1 em cada 4 condutores apresenta sonolência excessiva;
  • 1 em cada 5 condutores tem um elevado risco de sofrer de Apneia do Sono;
  • 33% dos condutores admitiram ter conduzido em estado de sonolência extrema;
  • 9,4% relataram ter adormecido ao volante.

Os condutores profissionais, trabalhadores por turnos e jovens estão particularmente vulneráveis à fadiga devido a horários irregulares e estilos de vida que potenciam o risco de sonolência ao volante.

Perceção do risco vs. Comportamento real

Embora 86,9% dos condutores reconheçam que não se deve conduzir com sono e 91,4% admitam que essa condição aumenta o risco de acidente, há ainda um número preocupante de condutores que minimizam o perigo:

  • 9,6% dos inquiridos afirmam que continuariam a conduzir mesmo cansados;
  • 18,4% acreditam que conseguem conduzir em segurança, mesmo com fadiga;
  • 5,2% consideram aceitável conduzir com dificuldades em manter os olhos abertos.

Fadiga ao volante: um fator de risco negligenciado

A fadiga tem um impacto semelhante ao da condução sob o efeito do álcool, da velocidade excessiva ou da distração. O estudo revela que 29,7% dos condutores envolvidos em acidentes no último ano apontam o cansaço ou a sonolência como causa principal. Além disso, 44,9% relataram quase-acidentes, sendo que 20,9% estavam relacionados com fadiga ou sonolência.

Estratégias ineficazes para combater a fadiga

Muitos condutores recorrem a estratégias pouco eficazes para combater o sono ao volante, como:

  • Abrir as janelas ou ligar o ar condicionado (40,8%);
  • Parar para comer ou fazer exercício (34,6%);
  • Aumentar o volume do rádio (34,3%);
  • Beber café ou tomar comprimidos de cafeína (28,9%);
  • Conversar com os passageiros (25,2%).

No entanto, as medidas mais eficazes continuam a ser as menos adotadas:

  • Parar para dormir uma sesta (11,2%), considerada eficaz por 82,5% dos condutores;
  • Pedir a um passageiro para assumir a condução (13,0%), considerada eficaz por 86,5%.

O papel dos distúrbios do sono

O estudo também revelou que 1 em cada 5 condutores apresenta um alto risco de sofrer de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), uma condição que compromete a qualidade do descanso e aumenta a sonolência diurna. Além disso, 10,7% dos condutores relataram ter um distúrbio do sono diagnosticado, sendo os mais comuns:

  • Insónia (53%);
  • Apneia do sono (41%).

A importância da sensibilização e da prevenção

Jorge Correia, Diretor-geral da VitalAire Portugal, sublinha que “é essencial investir em campanhas de sensibilização e prevenção sobre os perigos da fadiga ao volante e a importância do tratamento adequado dos distúrbios do sono”.

Da mesma forma, Alain Areal, Presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, alerta que “muitos condutores subestimam os riscos da fadiga e sobrestimam a sua capacidade de lidar com ela”. Para reduzir o número de acidentes, é fundamental apostar em:

  • Campanhas de sensibilização sobre os sinais e perigos da fadiga;
  • Infraestruturas rodoviárias mais seguras (como áreas de repouso e guias sonoras);
  • Tecnologias de segurança ativa, como os sistemas ADAS de deteção de fadiga;
  • Formação para condutores e maior envolvimento das empresas no combate à fadiga ocupacional.

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